
Agora olho pra trás e percebo todas as chances que desperdicei. Lembro-me de todas as vezes que eu deveria ter ido, mas não fui. Preferi ficar no meu canto, fingindo mexer no cabelo e reparando em ti só quando você não estava olhando. Coloquei a culpa na timidez, mas agora vejo que era medo e eu só não queria admitir isso. Tinha medo de ser amor de verdade e hoje tenho mais medo ainda de que realmente fosse isso. E se você for a porcaria do amor da minha vida? Como vou viver sabendo que lhe deixei ir? Perdi a minha maior chance de ser feliz do lado de outro alguém. E o pior nisso tudo, é que não vou ter mais ninguém para culpar se não eu mesma. A culpa não foi sua. Foi minha. Desde aquele dia em que você me puxou mas eu não te beijei. Deveria ter sido mas não foi. E a culpa? Minha. Você chegava perto e eu saia quase que correndo. Tremia na base. Enrolava as palavras. Dava risinhos nervosos. Nunca sabia o que te dizer e acabava falando o que não devia. Encontrava com você nos corredores e fingia que não te via. Me produzia toda para os lugares que eu tinha certeza que você estaria mas ficava só na vigia. Tentava chamar sua atenção, mas quando você vinha, eu corria. Chegava em casa, me arrependia. Então prometia a mim mesma que na próxima vez seria diferente, mas nunca era. Confesso: minha coragem sempre fora inaderente.